O ômega 3, um vilão para os cabelos?
É irônico pensar que o ômega-3, geralmente elogiado por seus benefícios para a saúde, possa ter um efeito negativo no cabelo.
Embora seja verdade que esse óleo é frequentemente recomendado para melhorar a saúde em geral, incluindo a saúde capilar, uma pesquisa recentemente publicada na renomada revista científica Cell Reports revelou uma descoberta surpreendente por acaso.
Descoberta inesperada
Cientistas do Carver College of Medicine, estavam pesquisa sobre como diferentes tipos de gordura afetam a obesidade e o crescimento de tumores relacionados a essa condição. Para isso, eles alimentaram camundongos com três dietas diferentes:
- Rica em gordura contendo óleo de peixe (ômega 3);
- Rica em gordura contendo manteiga de cacau à base de plantas (Óleo de palma);
- Dieta com baixo teor de gordura (grupo controle).
O resultado foi inesperado: os camundongos alimentados com óleo de peixe rico em ômega-3 apresentaram perda significativa de pelos na região das costas, enquanto os outros grupos não apresentaram queda.
Os pesquisadores repetiram o experimento utilizando diferentes camundongos, e em todas as ocasiões obtiveram o mesmo resultado, despertando o interesse dos cientistas.
Como não houve nenhuma pesquisa que descrevesse a motivação desse evento, eles decidiram investigar a motivação por conta própria.
Motiva da queda identificada
Os pesquisadores concluíram que, enquanto os ácidos graxos da manteiga de cacau espalharam por todo o corpo normalmente, os do ômega-3 acumulavam na pele.
Por meio de análises, foi descoberto que as células que absorveram o óleo de peixe na pele, produzem uma substância inflamatória em níveis elevados, chamada TNF-a, que atrai células de defesa para “atacar” essa inflamação, causando a morte das células-tronco responsáveis pelo crescimento dos fios de cabelo, resultando na queda de cabelo observada nos camundongos.
Experimentos adicionais confirmaram que os níveis elevados de TNF-a estavam presentes apenas nos camundongos que consumiram óleo de peixe.
Além disso, quando os camundongos alimentados com óleo de peixe foram tratados com anticorpos que bloqueiam a ação do TNF-a, a perda de cabelo foi significativamente reduzida.
Isso sugere que o TNF-a desempenha um papel importante no processo de queda de cabelo induzido pelo consumo de óleo de peixe.
Observações comparativas
Curiosamente, os pesquisadores observaram que países que dependem fortemente de peixes gordurosos como fonte de alimento, como o Japão, apresentam maior incidência de calvície em comparação com outros países.
Embora não haja evidências científicas sólidas que comprovem essa correlação, a observação levanta questionamentos sobre os efeitos do consumo excessivo de ômega-3 na saúde capilar.
Considerações importantes
É importante ressaltar que essa descoberta se baseia em estudos com animais. Mais pesquisas são necessárias para entender melhor essa possível conexão e como ela se aplica aos seres humanos. Portanto, é preciso ter cautela ao tirar conclusões definitivas a partir desses resultados.
Embora a dieta rica em óleo de peixe não seja normalmente associada a distúrbios de perda de cabelo em humanos, é importante ressaltar que também existem estudos que apontam que o ômega-3 é benéfico para o couro cabeludo, pois melhora a circulação sanguínea nessa região.
Devo parar de tomar ômega 3?
Para aqueles que estão em tratamento ou se preocupam com a queda de cabelo, recomendamos as seguintes ações:
- Moderação no consumo de óleo de peixe: Caso você esteja consumindo óleo de peixe como suplemento, considere reduzir a dose ou interromper temporariamente o uso durante 30 a 90 dias, para observar se há alguma melhora na queda de cabelo.
- Alternativas ao óleo de peixe: Se você está preocupado com a queda de cabelo e ainda deseja obter os benefícios dos ácidos graxos ômega-3, existem outras fontes, como sementes de chia, nozes, sementes de linhaça e algas marinhas, que podem ser exploradas como alternativas ao óleo de peixe.
- Consultar um profissional de saúde: Se você notar uma queda significativa de cabelo após o consumo de óleo de peixe, é importante consultar um médico ou dermatologista. Eles podem avaliar sua situação específica, realizar exames e fornecer orientações adequadas.
Lembrando que existem milhares de estudos que comprovam que o ômega 3 é benéfico para a saúde do cérebro, coração e de diversas outras áreas do corpo. Esse efeito apresentado é somente estético.
Cada pessoa é única e reage de forma diferente aos diferentes nutrientes e substâncias. É importante buscar orientação médica e realizar pesquisas adicionais para tomar decisões informadas sobre a suplementação e o impacto na saúde capilar.
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Fonte e bibliografia:
1. Revista Cell Reports. Estudo científico “Consumo de dieta rica em gordura de óleo de peixe induz perda de cabelo em macrófagos da pele”.